domingo, 17 de agosto de 2008

poesia de cascais #2 - Ruy Belo


Praia do Abano (ou outra praia)

Vejo subitamente recuares até à tua infância
cruzares ruas montras onde passo agora
e sofro sem remédio não haver saída
em minha vida que não seja a tua face
isenta dos meus olhos vista só por ti

A bola é louca, boca anónima infantil
Ó árvore plantada indiferente de cidade
à mesa onde amarro a minha vida
e corro sem correr para nenhum lugar
distante donde estou como se lá estivesse
A cara e o cansaço e os cilindros: prece

Tu és agora uma criança inacessível para mim
e em nenhum país alguma vez te vi
Estou de novo comigo e sofro levantado não haver ninguém
até que enfim deitado eu cumpra a minha condição
e não houve pessoa a que eu fizesse mal

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