«Apesar de estar muito ocupado com a entrega da Delegacia de Saúde, o doutor Vicente anuiu finalmente em ler a carta. O conteúdo andava à volta do recrutamento de braços para S. Tomé, esse neo-escravismo, essa exploração do homem pelo homem, essa utilização da miséria das ilhas, esse aviltamento das gentes de Cabo Verde, em benefício de meia dúzia de roceiros vivendo em solares luxuosos da linha de Cascais. Era vergonhoso que alguém da terra, nascido da camada mais humilde da população e com sangue africano correndo-lhe nas veias, tivesse aceite o hediondo papel de contratador de escravos, todos seus irmão de raça.» Teixeira de Sousa, Ilhéu de Contenda (1978)