
segunda-feira, 17 de dezembro de 2007
Sob o Signo do «Dragão da Crítica»: Romancistas, Poetas, Ensaístas e Historiadores em Cascais (6)

domingo, 9 de dezembro de 2007
domingo, 2 de dezembro de 2007
Sob o signo do «Dragão da Crítica»: Romancistas, Poetas, Ensaístas e Historiadores em Cascais (5)
segunda-feira, 19 de novembro de 2007
Sob o Signo do «Dragão da Crítica» - Romancistas, Poetas, Ensaístas e Historiadores em Cascais (4)
O Cânone Poético de CascaisCascais passou a ser diferente quando Almeida Garrett (1799-1854) publicou Folhas Caídas (1853). O poema «Cascais», poderosa expressão lírica do romantismo, pela intemperança, volubilidade, transgressão que encerra, veio acrescentar algo ao património cultural cascaense. Não vemos Cascais do mesmo modo depois de lermos este poema, pois a nossa relação com o espaço será inevitavelmente condicionada por ele. A composição tem assim uma dimensão ontológica que altera a percepção, a vivência, em suma a sensibilidade de quantos a lêem em face duma realidade geológica com milhões de anos, até então apreendida sempre da mesma forma pelo homem -- ou, mais rigorosamente, nunca uma estesia semelhante fora manifestada e comunicada desta maneira: «Inda ali acaba a Terra, / Mas já o céu não começa; / Que aquela visão da serra / Sumiu-se na treva espessa, / E deixou nua a bruteza / Dessa agreste natureza.» (16) Garrett, foi, portanto, uma espécie de patrono literário de Cascais, um autor citado sempre que se pretendia mostrar como «estes sítios» (outro poema de Folhas Caídas sobre o espaço cascaense) haviam sido um estímulo para um grande escritor.
domingo, 11 de novembro de 2007
Alexandre Babo
Alexandre Babo (1916-2007) morreu no passado dia 2 de Novembro no Hospital de Cascais. Natural de Lisboa, foi um destacado oposicionista, membro da Maçonaria e militante do PCP. À frente da editora Sirius, publicou Esteiros de Soeiro Pereira Gomes, com capa de Álvaro Cunhal. Homem de teatro, foi um dos fundadores do Teatro Experimental do Porto. Autor de várias peças, ensaios, traduções e do interessantíssimo livro de memórias Recordações de um Caminheiro (1993), uma fonte em primeira mão para a história da oposição ao Estado Novo.terça-feira, 6 de novembro de 2007
Sob o signo do «Dragão da Crítica» - Romancistas, Poetas, Ensaístas e Historiadores em Cascais (3)

Nem sempre as evocações são agradáveis, não deixando, obviamente, por isso, de ter significado. Antoine de Saint-Exupéry (1900-1944), o imortal autor de Voo Nocturno e de O Principezinho, quando, em 1940, escalou em Lisboa, rumo a Nova Iorque, regista, na Carta a um Refém (1944), aquela consabida expressão de Lisboa como «uma espécie de paraíso claro e triste.» (14) Hospedado no Hotel Palácio, Saint-Ex registou a atmosfera geral, «irreal», dos frequentadores do Casino, como que alheados da carnificina europeia que, não muito longe dali, se desenrolava, dia e noite. «Ia respirar à beira-mar. E aquele mar do Estoril, mar de cidade termal, mar domesticado, parecia-me entrar também naquele jogo. Impelia para dentro da baía uma única vaga mole, toda luzidia de luar, como um vestido de cauda fora da estação.» (15)
sexta-feira, 26 de outubro de 2007
Sob o signo do «Dragão da Crítica» - Romancistas, Poetas, Ensaístas e Historiadores em Cascais (2)
«Cascais é a caverna do velho Éolo, rei dos Aquilões.» (6)

«A Parada era a capital do reino de Cascais.» (7)
«Praia do Guincho -- últimas areias da Europa».(8)

«os Paços reais do exílio.» (9)

quinta-feira, 25 de outubro de 2007
domingo, 14 de outubro de 2007
catavento
Sob o Signo do «Dragão da Crítica» - Romancistas, Poetas, Ensaístas e Historiadores em Cascais* (1)
Por razões pouco compreensíveis, o património literário tem sido o parente pobre dos estudos de história local. (1) No caso de Cascais, essa debilidade é particularmente evidente. Os literatos que o concelho ofereceu ao país não se distinguiram pela notoriedade post mortem, apesar do brilho das suas obras e/ou personalidades, amplamente reconhecidas pelos coetâneos. José da Cunha Brochado (Cascais, 1651 -- Lisboa, 1733), por exemplo, notável diplomata e académico, memorialista e epistológrafo, foi lentamente recuperado durante o último século -- recuperação quase milagrosa, dado o estado de dispersão em que se encontra o seu acervo, em grande parte ainda inédito. José Inácio Roquete (Alcabideche, 1800 -- Santarém, 1870) -- aliás, Frei José de Nossa Senhora do Cabo Roquete, depois de professar no convento de Santo António do Estoril -- politicamente reaccionário, miguelista exilado em Londres e Paris, onde auxiliou o Visconde de Santarém no monumental Quadro Elementar (1842-1854). Autor de uma obra vasta, disse quem a compulsou ser ela um exemplo da conjugação de «beleza literária» com a «substância doutrinal». (2) Da teologia e da história à didáctica e à tradução, estará hoje quase toda irremediavelmente datada -- o que não impede que, pelo menos dum ponto de vista local, conheçamos as suas linhas de força, por exemplo através duma antologia. Trata-se de um imperativo. O mesmo se passa, de resto, com o ensaísta, poeta, professor da Faculdade de Letras do Porto e membro da «Renascença Portuguesa» (3) Luís Cardim (Cascais, 1879 -- Porto, 1958), grande mestre dos estudos shakespeareanos em Portugal, remetido para um limbo de que urge resgatá-lo. (4)domingo, 7 de outubro de 2007
Guilherme de Faria
Uma evocação de João Vasco
«Nesse início de tarde, estando eu no [Hotel] Baía com a D. Mirita, vimos passar Torga, que momentaneamente parou para perguntar onde ficava o Teatro Gil Vicente. Uma das pessoas informou aquele senhor que, subindo na direcção daquele beco, lá iria ter, mas que vinha ali a D. Mirita que, certamente, ia para o Teatro.
Ao nosso encontro vem Torga, no seu passo apressado, com um rosto granítico, estendendo o seu enorme braço, que diz para Mirita: "Muito prazer em conhecê-la pessoalmente, minha senhora." Mirita olhou-o com aqueles grandes olhos, e contempla, da sua pequena altura, a figura imponente de Torga. Depois apresentou o rapazito que iria representar a sua peça... Encaminhámo-nos pelos becos, direitos ao Teatro Gil Vicente. Limitei-me a ouvir a conversa de Mirita e Torga. Falaram de Viseu, da dinastia dos Casimiros, de S. Martinho de Anta, do sol radiante que estava nessa tarde, etc. Torga fazia umas paragens, contemplando a parte antiga de Cascais, nessa altura ainda não destruída como hoje. [...]
Ao chegarmos ao largo do Gil Vicente, surge o velho "carocha" Volkswagen acinzentado, com a figura simpática, extrovertida, simpática, sei lá... de Mestre Almada Negreiros [...] Torga deu o braço a Almada e entraram, na maior das boas disposições, no teatro.
Na sala de entrada do teatro havia uma certa desarrumação, pois todo o guarda-roupa, concebido por Almada, tinha ali sido concebido. Em cima de uma mesa estava a maqueta, construída pelo próprio Almada. Torga ficou deslumbrado e examinou com pormenorizada atenção, aquilo que viria, passados cerca de 15 minutos, a ver no palco.
No dia seguinte, perguntei a Paula Almada Negreiros (filha do Mestre e de Sarah Affonso) por Torga: "Entrou no nosso carro, mal acomodado, e quis ficar junto da estação do Estoril, pois queria apreciar a paisagem até Lisboa ["]. Almada Negreiros seguiu para a sua casa de Bicesse. [..]»segunda-feira, 1 de outubro de 2007
Da colecção egípcia do Museu Condes de Castro Guimarães

domingo, 23 de setembro de 2007
Praia da Conceição
sábado, 15 de setembro de 2007
3 poemas de Celestino Costa
***
A Minha Terra e Eu, Cascais, Associação Cultural de Cascais, 1992
Um poeta popular

Marcas de canteiro
quarta-feira, 5 de setembro de 2007
O Vinho de Carcavelos nas «Viagens Minha Terra»
Nas Viagens na Minha Terra (1845/46), Garret discorre sobre o gosto britânico pelos nossos vinhos, referindo-se brevemente ao Carcavelos, entre outros, designando-o primeiro por «Lisboa» -- tal como os ingleses faziam: Lisbon Wine. Queixava-se o nosso autor da preferência que os velhos aliados estavam a dar à «jacobina zurrapa de Borgonha»:sábado, 4 de agosto de 2007
Cascaliana #2 - João Sarmento Pimentel
João Maria Ferreira Sarmento Pimentel (Eixes, Mirandela, 1888 -- São Paulo, 1987).
Oficial do Exército, escritor memorialista, fidalgo republicano, Sarmento Pimentel é uma das mais apaixonantes figuras do século XX português. Oriundo da velha aristocracia nortenha, participou em alguns dos mais importantes lances da história de novecentos, com um papel de grande destaque. Não ainda na Rotunda, em 5 de Outubro de 1910, jovem cadete subordinado. Mas em 1915, na guerra de África contra os alemães, teve intervenção importante na reconquista de Naulila, sul de Angola, em 1915, comandando um destacamento luso-boer, e passa pelo inferno das trincheiras da Flandres. Em Portugal, tendo colaborado com Sidónio Pais, será o chefe das forças que põem fim à Monarquia do Norte, em Fevereiro de 1919. Membro da direcção da Seara Nova, será chefe de gabinete de Ezequiel de Campos no governo de Álvaro de Castro (1923-24). Após o 28 de Maio de 1926, está implicado no golpe do 3/7 de Fevereiro do ano seguinte, que lhe valerá o exílio, estando na origem do seu exílio no Brasil, onde deixará descendência.
Para além dos aspectos de vida intensamente vivida, Sarmento Pimentel foi um extraordinário escritor, como revelam as suas Memórias do Capitão, cuja primeira edição veio a lume no Brasil pelas mãos do então também exilado Victor Cunha Rego, em 1962. São páginas de grande riqueza estilística, saborosamente evocativas, de travo camiliano.
Num dos poemas que lhe dedicou, Jorge de Sena escreveu: «[...] / Assim, senhor, eu vos saúdo e digo / de como em vida me vivi honrado / com conhecer-vos e por vós ser tido / por digno de amigo e camarada / nas horas duras de se amar a pátria / com amor infeliz, como naquelas / em que de convivência ela renasce / tão pura qual nenhuma pátria humana: / é uma grã-cruz que vossa senhoria / colocou no meu peito e que mais vale / que quantas de vaidade só refulgem. / E pesa como séculos de História / qual em vossas memórias revive. / [...]» 40 Anos de Servidão, 2.ª ed., Lisboa, Moraes Editores, 1982, p. 180.
Dessas Memórias retiro um breve parágrafo em que, a bordo, o jovem alferes de cavalaria ruma a Angola, após o desastre de Naulila de 1914:
«Madrugamos para um último adeus à terra metropolitana, e a brisa do mar refrescou o convés ainda quente daquela noite de Junho, quando chegamos a Cascais.
Rompeu o "Cabo Verde" pelo mar fora, tão calmo e vagaroso como velho andarilho que já soubesse de cor e salteado o caminho a percorrer. Naquele dia perdemos de vista a costa e embicamos ao sul rumo da África, havendo apenas de anormal o barulho dos cascos dos solípedes no assoalho dos porões, muito aumentado quando o clarim tocou para a ração.»
Memórias do Capitão, Porto, Editorial Inova, 1974, p. 143.
Na net:Brasil/Portugal - Testemunhos/Encontros; Câmara Municipal de Mirandela
segunda-feira, 9 de julho de 2007
Cascaliana #1 - Maria Archer

Nessa tarde, ao regressar do Estoril, Marietta sentia-se transfigurada. E leve de corpo, de ânimo, de ideias! Uma voz clamava no seu íntimo: Vida nova! Vida nova! Como que todo o universo comungava na sua alegria. O rodar do comboio, áspero e monocórdico, chegava-lhe aos ouvidos que nem som de fanfarra vitoriosa. No rio, as ondulações da terra, nos longes do céu, a luz desmaiava numa apoteose de cor. «É para mim, murmurava ela, toda esta cor é só para mim, só eu a vejo, é uma festa a que não vou...»






















