sexta-feira, 10 de outubro de 2008

linhas de cascais - Ferreira de Castro



O «Saturnia» desce, lentamente, o Tejo e, à direita, entre as velas do rio, fulge a Torre de Belém, símbolo do país das grandes viagens. Mais abaixo, a luz vespertina enche de colorido as vivendas do Estoril, enquanto lá ao fundo, na serra de Sintra, irisada bruma dá ao castelo um aspecto fantástico.
Já no Atlântico, contornando a costa portuguesa, e, depois, a espanhola, os passageiros que vêm de Nova York entregam-se aos jornais ingleses, recém-comprados em Lisboa, reunindo-se, à noite, não em frente da orquestra, que toca, solitária, no grande salão, mas junto dos aparelhos de telefonia que espalham notícias do Mundo convulso. E, contudo, estende-se, lá fora, um luar sortílego e um mar calmo, numa noite de maravilha propícia a fazer-nos sonhar com as mais belas coisas da vida. Mas o navio está cheio dessa inquietação que, hoje, tortura os homens, no planeta inteiro.

A Volta ao Mundo [1939 / 1940-44]vol. I, 4ª ed., Lisboa, Guimarães & C.ª, 1952, pp. 21-22.

6 comentários:

nas asas de um anjo disse...

eu já dormi, no estoril, numa janela voltada para o mar...é lindo e essa bruma q incita ao sonho é algo quase-mágico, q nos toca, e não esquecemos.

Ricardo António Alves disse...

Eu passei grande parte da minha vida no Estoril, e dormia num quarto com janela voltada para o mar.

Alexandra Guedes Vaz disse...

olá Ricardo
preparo uma big exposição de pintura com inauguração a 13Dez na J.Freg Estoril (Vale de Sta Rita)
Gostava de te enviar um convite, mas não tenho nenhum contacto teu.
Dás-mealguma morada ou email?
Obrigada
Alexandra Guedes Vaz

Ricardo António Alves disse...

É pra já!

Popelina disse...

lindo.

Ricardo António Alves disse...

Olá Popelina (grande nome!). E o livro é fantástico. Recomendo. Até breve.

 
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