domingo, 17 de outubro de 2010

Cascais no campo da «Seara»: Proença, Cortesão e Reys (2)

Quando no princípio dos anos vinte um grupo de intelectuais resolveu criar uma revista doutrinária independente, em defesa da República -- mas pugnando pela sua reforma --, o país vivia num assustador clima de perturbação. Ao assassínio de Sidónio e às perplexidades de um inglório desfecho da Grande Guerra, seguiu-se não só um período de instabilidade, como de radicalização da vida política. A um monárquico na Presidência, Canto e Castro -- não obstante o escrupuloso cumprimento do seu juramento --, sucedeu a última bandeira do 5 de Outubro, António José de Almeida. Temperanças de um e outro foram, porém, insuficientes para travar desmandos como a leva da morte (1918) ou a noite sangrenta (1921), tentativas restauracionistas como a Monarquia do Norte (1919), pulverização e descrédito dos partidos e dirigentes tradicionais, ressurgimento activo dos extremos, pela via doutrinária e pela acção directa -- os anarco-sindicalistas da Confederação Geral do Trabalho (CGT), cujo órgão era o diário A Batalha; a persistência do Integralismo Lusitano, movimento tradicionalista monárquico e antidemocrático, que se exprimia na Nação Portuguesa. (4)

(4) Sobre o contexto sócio-político em que surgiu a publicação, socorri-me da entra de David Ferreira, «SEARA NOVA», in Joel Serrão (dir.), Dicionário de História de Portugal, vol. V, Porto, Livraria Figueirinhas, pp. 503-508.

Sol XXI, #29-30-31, Carcavelos, Junho/Setº/Dezº de 1999. 

domingo, 10 de outubro de 2010

A. Fontoura da Costa: Um capitão de longo curso na História dos Descobrimentos (2)

Pretende-se, desta forma, dar o merecido destaque, no âmbito municipal, ao autor de A Marinharia dos Descobrimentos, figura que pertence ao património cultural cascaense, pois tão ou mais importante é o lugar onde se nasce como aquele que se escolhe para viver e para morrer.
in A. Fontoura da Costa e a Marinharia dos Descobrimentos -- Exposição Bibliográfica e Documental, Cascais, Museu do Mar, 1997.

sábado, 2 de outubro de 2010

José da Cunha Brochado na Corte de Luís XIV (2)

É provável que seu pai desempenhasse à época funções na fortaleza da vila. Certo é que um século depois a sua família continuava radicada em Cascais (3), povoação que na segunda década de seiscentos contava com cerca de 900 vizinhos, de acordo com Frei Nicolau de Oliveira no Livro das Grandezas de Lisboa (1620). (4) O carácter defensivo de Cascais foi referido por vários autores coevos -- Luís Mendes de Vasconcelos nos Diálogos do Sítio de Lisboa (1608), Duarte Nunes de Leão na Descrição do Reino de Portugal (1610), Manuel Severim de Faria nos Discursos Vários Políticos (1624) (5) -- surgindo-nos essa componente defensiva expressivamente demonstrada numa gravura seiscentista alemã (6), e também referida por um autor francês, em 1676-77: «Um pouco mais adiante encontra-se a pequena vila de Cascais, defrontando uma pequena baía onde os navios podem fundear. Também ali existe um forte bem apetrechado para a defesa.» (7) 
Foi neste lugar fortemente muralhado que José da Cinha Brochado veio ao mundo, perto do mar imenso, que ele muitos anos depois qualificaria desta forma: «O mar, elemento nobre e inconstante, que só é confrontado pelas estrelas e medido no céu, consente hóspedes, mas não senhores.» (8)

(3) Ver Ferreira de Andrade,  Cascais -- Vila da Corte. Oito Séculos de História , edição fac-similada [1964], Cascais, Câmara Municipal, 1990, pp. 167-168.
(4) Ver José d'Encarnação, «Um elogio político: cascais visto por Frei Nicolau de Oliveira», Arquivo de cascais -- Boletim Cultural do Município #6, Cascais, Câmara Municipal, 1987, pp. 92-93.
(5) Ver ibidem, pp. 92-93.
(6)  Ver João J. Alves Dias, «Para a história da iconografia de Cascais», Arquivo de Cascais -- Boletim Cultural do Município #11, Cascais, Câmara Municipal, 1992-94, p. 99.
(7) Charles Dellon, «De Goa a Lisboa -- 1676-1677», in Portugal nos Séculos XVII & XVIII, apresentação, tradução e notas de Castelo-Branco Chaves, Lisboa, Lisóptima  Edições, p. 31. 
(8) José da Cunha Brochado, Cartas, selecção, prefácio e notas de António Álvaro Dória, Lisboa, Livraria Sá da Costa Editora, 1944, p. 145 -- carta a desconhecido, Paris, 16 de Abril de 1702. 
 
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