Quando no princípio dos anos vinte um grupo de intelectuais resolveu criar uma revista doutrinária independente, em defesa da República -- mas pugnando pela sua reforma --, o país vivia num assustador clima de perturbação. Ao assassínio de Sidónio e às perplexidades de um inglório desfecho da Grande Guerra, seguiu-se não só um período de instabilidade, como de radicalização da vida política. A um monárquico na Presidência, Canto e Castro -- não obstante o escrupuloso cumprimento do seu juramento --, sucedeu a última bandeira do 5 de Outubro, António José de Almeida. Temperanças de um e outro foram, porém, insuficientes para travar desmandos como a leva da morte (1918) ou a noite sangrenta (1921), tentativas restauracionistas como a Monarquia do Norte (1919), pulverização e descrédito dos partidos e dirigentes tradicionais, ressurgimento activo dos extremos, pela via doutrinária e pela acção directa -- os anarco-sindicalistas da Confederação Geral do Trabalho (CGT), cujo órgão era o diário A Batalha; a persistência do Integralismo Lusitano, movimento tradicionalista monárquico e antidemocrático, que se exprimia na Nação Portuguesa. (4)
(4) Sobre o contexto sócio-político em que surgiu a publicação, socorri-me da entra de David Ferreira, «SEARA NOVA», in Joel Serrão (dir.), Dicionário de História de Portugal, vol. V, Porto, Livraria Figueirinhas, pp. 503-508.
Sol XXI, #29-30-31, Carcavelos, Junho/Setº/Dezº de 1999.
2 comentários:
É útil (e necessário)
saber como foi no passado,
para perceber os perigos
que nos rodeiam
no presente.
Um abraço
É verdade, Vieira Calado.
Outro para si.
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