terça-feira, 7 de outubro de 2008

linhas do horizonte - Giacomo Leopardi / Afonso de Castro


CANTO DO MAR E DA TERRA

Quando o mar adormece e o vento o embala, suave,
Sinto-me percorrer mundos desconhecidos.
Já não me agrada a terra, apenas só a grave
E fluida voz da névoa atrai os meus sentidos.

Mas quando o hercúleo mar ressoa e se recurva,
Em glaucos vagalhões altos e desgrenhados,
Volto os olhos p'rá terra, a que melhor perturba
Meu ser com a magia idílica dos prados.

A terra é bem mais firme, e a floresta espessa
Enche meu coração dum calor inaudito,
Quando o maestro vento, indómito, começa
Sua orquestra, a reger, no palco do Infinito.

Uma árdua tarefa o pescador atura:
A sua casa é um barco, a sua vida é o mar.
Os peixes são p'ra ele uma presa insegura,
E a morte, a velha má, não deixa de o rondar.

Prefiro ouvir o canto errante das nascentes,
Na sombra musical da mata sonorosa,
Quando a martirizada e ruiva luz dos poentes
É a anunciação da noite sigilosa.

5 comentários:

nas asas de um anjo disse...

Gostei deste poema sobre o mar, sobretudo da alusão ao "palco do Infinito".

Ricardo António Alves disse...

Uma versão muito boa de Afonso de Castro.

Metradomo disse...

Não entendi. Era sobre uma praia ou uma bicicleta? Bem... desculpe-me...

Anónimo disse...

Adorei
gostava que fosse a
arte-e-ponto.blogspot.com

Ricardo António Alves disse...

Horácio: digamos que é sobre uma ciclovia à beira-mar.

Carla: obrigado, lá irei.

 
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