domingo, 26 de outubro de 2008

Três escritores em tempo de catástrofe: Castro, Zweig e Eliade (1)

Publicado em Boca do Inferno, n.º 3, Cascais, Câmara Municipal, 1998
Ao Professor Victor de Sá

Três escritores procuraram no Estoril e em Cascais um asilo para o absurdo do seu momento histórico. Apenas um deles era um permanente apátrida de facto, apesar da recente naturalização inglesa. Quando por aqui passou já estava moralmente liquidado. Outro, exercendo funções diplomáticas, vindo do oriente do Ocidente, sentiu-se arrancado à história pela pátria que lhe seria vedada e pela mulher que perdera. A provação do labirinto foi a derrocada do seu mundo, pois só somos quando somos em função de algo e de alguém. Por último, um português, visceralmente escritor, só escritor, por vocação e profissão, impossibilitado de sê-lo como entendia dever ser, agarrando-se como tábua de salvação a outras narrativas com desalento e raiva.
Três escritores que a história nos legou, vivendo condicionados no mesmo espaço geográfico pela tragédia de não-ser, de não poder ser.
(continua)

4 comentários:

nas asas de um anjo disse...

do eliade, li "o sagrado e o profano"

Ricardo António Alves disse...

Então fique a saber que ele começou em Cascais o «Tratado da História das Religiões».

nas asas de um anjo disse...

não sabia mesmo!obgda

devia era ter tido essa info há uns anos, qdo estava a cursar...lol

Ricardo António Alves disse...

Obrigado.
O seu blogue tem um nome belíssimo.

 
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