quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

linhas de cascais - Ferreira de Castro



-- Como eu ia a dizer, o quartel de artilharia antiaérea prantava-se mesmo à beira do mar. Viam-se passar os navios, que iam para Lisboa. Às vezes era cada um, tão grandalhão, que dentro dele ninguém podia ter medo de afundar-se. Ali perto ficava o Estoril. Tu já ouviste falar no Estoril? Aquilo é que é uma terra bonita! É como um jardim a perder de vista. Só te digo que lá até os pinheiros parecem árvores mansas! Nalguns, as roseiras trepam por eles arriba até chegar mesmo aos galhos. E todas as estradas são mais limpinhas do que o chão de uma igreja! Nas horas de dispensa, eu nunca me fartava de ver aquilo. Há lá automóveis por toda a parte e pessoas que falam o raio de umas línguas que a gente não percebe nada...
A Lã e a Neve, 15.ª edição, Lisboa, Guimarães Editores, 1990, p. 18.

4 comentários:

vieira calado disse...

Olá, amigo!

Venho desejar-lhe uma excelente quadra natalícia.

Um abraço

Ricardo António Alves disse...

Obrigado, caro Vieira Calado; também para si e para os seus!

addiragram disse...

Como eu gostei de ler a "Lã e a Neve"!Como eu adorava quando o meu pai nos lia, cada noite, uma passagem da "Volta ao Mundo". Bons tempos!
Um grande obrigada e um feliz Natal!

Ricardo António Alves disse...

Que boas recordações!
Eu é que lhe agradeço!...

 
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